Se você não gosta de algo, mude (ou: minha história e meus desafios com a atividade física)

Apesar de ter um corpo frágil, decidi mudar minha relação com ele.

Culturalmente, estamos habituados a querer tudo de imediato. Se conseguimos, temos um pico de felicidade momentânea, mas se não conseguimos, deixamos para trás e seguimos a vida meio ressentidos.

Por muito tempo, fui magro e tinha a saúde muito fragilizada. Às vezes os médicos falavam que eu não iria durar muito, levei meu corpo ao limite em uma cirurgia e sempre era o último garoto a ser escolhido para um time.

Existem glândulas que ficam na parte nasal que são conhecidas como adenóides e toda criança as possui. Elas têm a função de produzir anticorpos e defender o organismo de invasores, porém, elas naturalmente regridem. Em alguns casos, em vez dela regredir, ela cresce e dificulta a passagem de ar vindo das cavidades nasais. No meu, ela cresceu tanto que na infância, praticamente toda a minha respiração era provida pela boca e, graças a este fato, o meu pulmão não enchia totalmente de ar, impossibilitando  a boa formação do meu tórax e me dando de graça uma escoliose (a famosa coluna em forma de S) e duas adenoidectomias, como chamam a cirurgia para remoção das adenóides .

Esta é uma radiografia minha de 2013

Em função disso, eu me via insatisfeito com o meu corpo, que era magro e obviamente nunca tinha visto uma academia. Tinha vergonha de ficar sem camisa, tive diversos problemas respiratórios, além de ter dificuldades com atividades físicas em geral.

Foto minha de 2011

Eu poderia continuar jogando a culpa nos meus problemas de infância e continuar a minha vida sem maiores solavancos, mas algo estava incomodando o suficiente para me tirar o sono. Mesmo usando meu humor para suprir minhas skills físicas, hoje me sinto muito mais respeitado e com uma abertura social muito maior.

Claramente, cada pessoa pode fazer o que quiser da vida, morar eternamente com os pais, não fazer exercício físico, alimentar-se mal, não dormir bem, etc. Porém, se você não se sente confortável com o seu estado atual, pode ser a hora de parar de reclamar e procurar uma mudança. Apesar das minhas condições, foi o que decidi fazer.

Exercício físico não é só vaidade

Um dos principais motivos pelo qual me preocupo muito com o meu corpo hoje, desde o que eu ingiro como alimento até qual exercício físico vou fazer, é o fator saúde. Como não fui provido de um corpo com dos mais fortes, tento me manter saudável para continuar longe dos hospitais que, ironicamente, é o ambiente mais propício para um corpo contrair doenças.

Uma vez que o seu corpo está saudável, você acaba se afastando um pouco mais do fim da sua vida, seja por causa da melhoria geral nas suas condições de saúde, pelo aumento da força ou por ter condições físicas de suportar situações extremas.

Isso acaba te deixando longe das estatísticas. Exercícios na infância evitariam que 340 mil jovens ficassem acima do peso na vida adulta e isso, por tabela, traria uma economia de até R$22 bilhões em saúde, uma vez que essas pessoas recorreriam menos ao SUS. Ainda assim, menos da metade da população faz exercícios físicos.

Além de estender a sua vida, se você tem vontade de passar adiante a sua genética e criar uma família com esposa e filhos, é bom descolar primeiro uma companheira. Caso seja essa a sua pretensão, aviso que é melhor se preparar para a "maratona". Exercícios melhoram sua autoestima, sua performance no sexo e a percepção de atratividade. Ou seja, exercitar-se pode até não ser a solução pra tudo, mas aumenta bastante suas chances no que diz respeito aos relacionamentos.

Faça o que puder, com o que tiver, onde estiver

Quando comecei a levar mais a sério o meu corpo, notei que tinha criado inúmeras desculpas para não começar agir, e uma delas era que não conseguia pagar uma academia para começar. Então, comecei a procurar poucas mudanças para incorporar a preocupação com o meu corpo a minha rotina.

Resolvi assinar o Freeletics que acabaria custando em torno de R$25,00 por mês, isso não iria comprometer meu orçamento e eu estaria dando o primeiro passo. Comprei um daqueles colchonetes de academia para treinar e comecei a ingerir mais proteína, adicionando brócolis e mais carne nas minhas refeições (no lugar dos carboidratos).

Em menos de uma semana eu já estava treinando e pondo em prática pequenas mudanças na minha rotina.

Disciplina tem que vir antes das emoções

No começo essas mudanças vão parecer muito legais e você vai ter empolgação de sobra para fazer as atividades, mas com o passar do tempo o brilho vai cair, sabe por que? Romantizamos a motivação e esquecemos da disciplina.

Existem dois tipos de dor:

  • aquela que escolhemos passar e;

  • aquela em à qual somos submetidos passivamente e, em geral, vem como consequência de algo alheio à nossa escolha.

Quando você decide acordar cedo para praticar exercícios, mesmo querendo ficar mais um pouco na cama, é uma dor que você escolheu passar mas que vai te gerar frutos futuros. É uma dor produtiva.

Quando você não consegue brincar com seus filhos, pois não tem fôlego, quando não consegue socorrer alguém com o seus próprios braços, é uma dor que vem como consequência de passividade.

Na vida, o sofrimento é inevitável, cabe a você aceitar o fardo que quer carregar.

Melhoria contínua

Já melhorei a minha situação financeira, assim pude trocar o Freeletics por uma academia com um treino especializado que me deu um resultado melhor, além de me auxiliar com meus problemas de coluna e impedir contusões.

Venho levando muito mais a sério minha alimentação e meu sono e me sentindo cada dia mais disposto, o que me motiva a tentar obter resultados ainda melhores através deles. Foram 5 meses de treinamento intenso que me fizeram sair de 55Kg para 60Kg, mas a jornada só está começando..

Esta foto me dá orgulho dos meses de treinos.

 

Me sentindo bem mais confiante

Pra tudo nessa vida há um equilíbrio, claro, mas no fim, ser crítico consigo mesmo de maneira realista pode ser bem saudável. É isso que gera o impulso de mudança e pode ocasionar grandes transformações na sua vida e das pessoas ao seu redor.

Em novembro de 2017 eu só conseguia fazer uma barra. Na primeira semana de abril de 2018 fui me testar e vi que consegui fazer na minha primeira sequência, 7 barras. Só esta alegria, valeu o esforço que eu fiz nos últimos 5 meses.

Sei que é difícil mudar, sei bem como é se sentir que é o pior em algo e até pensar "não tem como mudar isso", mas se a variável de mudança depende de você, é hora de começar a parar de falar e agir. Se você não gosta do seu corpo, vá fazer exercício, peça ajuda, se você está perdido nas suas finanças, leia sobre educação financeira, converse com algum amigo que você acha, que pode te ajudar, se você não consegue falar com pessoas, aprenda sobre interação social. A jornada não vai ser curta, pode demorar, mas no fim você vai ver o resultado. Apenas comece a mudança dentro de você, acompanhe a sua evolução e aproveite cada melhoria.

Falando nisso, qual foi a última vez que você ficou insatisfeito com algo e resolveu melhorar? Conta pra gente.


publicado em 10 de Abril de 2018, 12:43
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Nivaldo Gomes

Recifense que mora no mundo. Paga as contas sendo Product Leader e nas horas vagas tenta ser Stand Up Comedy. Escreve sobre o que pensa no Medium e está tentando mudar o tamanho da camisa de P para M. Ficaria honrado em ser seu amigo no Facebook e Instagram.


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