Qual a magia do São João? A série de fotos que nos mostra porque a festa é tão apaixonante

Bumba-meu-boi, dança e alegria: junho tem dessas coisas

O mês de junho é um dos mais queridos para quem mora no nordeste, isso porque representa um dos meses com maior impulso e valorização cultural por conta dos festejos juninos. Por meio de comidas típicas, danças, ritmos, músicas, apresentações e manifestações, é um mês que, também, revisitamos um pouco da nossa história e entendemos que tradição e modernidade podem muito bem andar lado a lado me uma dança em forma de respeito.

E, como bom maranhense apaixonado pela sua cultura, trouxe uma série de fotos que representa esse período em que é possível se apaixonar e querer agarrar cada manifestação.

Enquanto Leonardo separava as fotos, questionei sobre a energia que tem na atmosfera nessa época do ano, ele respondeu que a alegria é marca registrada: "O São João tem como raiz cultural a alegria. Tu vê em cada brincante, espectador e até os que estão cobrindo o evento, a alegria estar lá. As crianças representam uma cultura que está em constante renovação. A cultura fica e seus novos atores aparecem".

História

A ideia dos festejos juninos no Maranhão é uma homenagem a quatro santos: Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. E, em meio a essas homenagens, comidas regionais e o som de tambores como do bumba-boi, do cacuriá e do tambor de criola fazem parte desta grande celebração.

O enredo que compõe essa atmosfera tem, resumidamente, a seguinte história: a festa começa pelo desejo de uma grávida (Catirina) de comer a língua do boi mais amado da fazenda onde seu marido (Pai Francisco) que era vaqueiro. Para satisfazer o desejo da sua amada, ainda que com muito medo das consequências, Francisco rouba e mata o boi. Quando o Amo descobre que seu boi mais amado foi roubado, manda todos os outros vaqueiros procurarem o traidor. Vendo que não havia mais vida no animal, o dono da fazenda chama o pajé e os índios para fazerem uma reza, na esperança do boi voltar à vida. E assim que o boi volta à vida uma grande festa é armada, em comemoração a esse fato.

Massa né.

E, em meio a esse enredo do Bumba-Meu-Boi, várias manifestações culturais vão se juntando, como as caixeiras que até maio tocam na Festa do Divino, na cidade de Alcântara, e depois retornam a São Luis para sua versão “profana”. Lá, fazem o som dai caixas se transformarem em uma espécie de carimbó maranhense, mais conhecido como Cacuriá (um tipo de dança).

As ruas de Alcântara também recebem a festa

Raízes africanas

É nas raízes africanas do Maranhão que aparecem os prelúdios da nossa festa, mais especificamente no Tambor de Criola, um ritmo de dança que tem em sua atmosfera tambores tocados apenas por homens e coreografado por mulheres com saias rodadas (as coreiras). A dança surgiu com o objetivo de homenagear São Benedito, e não há uma época do ano certa para ser dançada - durante todo ano podemos encontrar apresentações.

Comidas Típicas

Festa boa só presta se tiver comida, e no São João maranhense não podem faltar algumas delícias típicas que são destaque nessa imensa celebração que permeia todo o mês de junho. Entram aí a torta de caranguejo, de camarão, vatapá, caruru, mingau de milho, bolo de manuê, arroz Maria Isabel, e claro, o prato genuinamente maranhense, o cuxá.  

O arroz de cuxá é basicamente elaborado por ingredientes como: folha de vinagreira, gergelim, camarão seco, farinha de mandioca seca e pimenta-de-cheiro.

Pra encher o coração dessa época gostosa, ficam os bonitos registros do fotógrafo maranhense Leonardo Mendonça. Você pode encontrar essas e outras fotos na sua conta no Instagram e em sua página no Facebook.

Nota da editora: este texto foi originalmente publicado no site do autor, Sobre o Tatame, modificado e republicado no PapodeHomem.


publicado em 21 de Junho de 2016, 15:00
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Jonas Sakamoto

Jornalista. Maranhense. Descendente da Terra Nipônica. Alquimista Mental, praticante de Slackline, um apaixonado pela natureza e malabarismo. Tem um espaço chamado Sobre o Tatame. No mais, tenta viver as coisas boas e simples, sempre de maneira 'paciente, confiante, intuitiva'.


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