"Como viver sem me sentir um monstro?" | Mentoria PdH #4

A cada semana, uma pergunta. E a comunidade responde e ajuda coletivamente, com base em suas vivências pessoais com o tema. Assim vamos cultivar mais parcerias, na prática.

Nota do editor: algo inusitado aconteceu comigo domingo. Uma pessoa me parou no parque (saí pra correr e ler o livro de nosso Clube do Livro, no qual ainda pode se inscrever) pra elogiar o site e, especificamente, a Mentoria PdH. Que alegria ver uma série que mal começou já tocando tanto o coração das pessoas!

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Pergunta da semana:

"Saudações, me chamo Hélcio (nome alterado para manter anonimato), tenho 24 anos e me sinto péssimo com meu passado.

Às vezes acho que consegui me perdoar, mas quando durmo ou bebo tudo vem à tona.

Terminei um namoro muito bom recentemente. Amo demais ela e, apesar de tudo, foi o primeiro amor da minha vida. Terminamos por brigas pesadas, mas continuamos amigos no final, o problema veio depois... acabei engravidando ela (provavelmente era meu), situação super complicada. Eu disse que assumiria e a ajudaria em qualquer cenário e assim foi.

Mas após muita humilhação e coisas que ouvi, como:

"Você não tem emprego estável."

"Não é bonito."

"Não é emocionalmente estável, blablabla..." 

(jamais imaginava ouvir tais coisas da pessoa que mais foi minha amiga nessa vida, provavelmente foram as emoções e o calor do momento)... no fim das contas ela tirou o filho e eu paguei o custo financeiro disso.

Minha família toda soube pois ela contou. Me sinto um fracassado.

Não nos falamos por meses. Me sinto mal porque ainda gosto dela, estou me recuperando emocionalmente e mentalmente, cheguei a planejar o pior. Mas usei tudo isso para me aproximar de coisas mais espirituais, o que tem me dado certo alívio.

A questão é: como posso viver a vida sem me sentir um monstro? 

Sempre me considerei uma pessoa boa, mas no momento que deveria agir como tal, eu não fui.

Meus amigos disseram que ela que escolheu isso. Minha ideia de família era criar um filho casado, pois sei a dor que carrego por ter pais solteiros e alienação parental.

Atualmente não tenho nenhum tipo de apoio, me sinto só e perdido. Me sinto uma criança sem mãe.

Não entrei nos detalhes dos demais problemas da minha vida pois esse tem sido o pior. Ja faz meses que isso tudo aconteceu, mas ainda dói muito. Dói saber que causei isso na pessoa que amava."

— Hélcio, 24 anos

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Como responder e ajudar no Mentoria PdH:

  • comentem sempre em primeira pessoa, contando da sua experiência direta com o tema — e não só dizendo o que a pessoa tem que fazer, como um professor distante da situação
  • não ridicularizem, humilhem ou façam piada com o outro
  • sejam específicos ao contar do que funcionou ou não para vocês
  • estamos cultivando relações de parceria de acordo com a perspectiva proposta aqui, que vai além das amizades usuais (vale a leitura)
  • comentários grosseiros, rudes, agressivos ou que fujam do foco serão deletados

Como enviar minha pergunta?

Você pode mandar sua pergunta para posts@papodehomem.com.br . O assunto do email deve ter o seguinte formato: "PERGUNTA | Mentoria PdH" — assim conseguimos filtrar e encontrar as mensagens com facilidade.

Posso também fazer perguntas específicas e práticas, na linha "como lido com um divórcio? Como planejo minha mudança de casa sem quebrar? Como organizar melhor o tempo pra cuidar de meu filho? Como lidar com o diagnóstico de uma doença grave?" ?

Sim, com certeza.

As perguntas recebidas até agora dão ênfase a obstáculos emocionais mais profundos e amplos, mas queremos tratar também de dificuldades práticas enfrentadas por nós no dia-a-dia.

Então, quem tiver questões nessa linha, por favor, nos enviem. Assim vamos construindo um mosaico bem interessante com o Mentoria.

Onde encontro as perguntas anteriores?

Basta entrar na coleção Mentoria PdH. O Mentoria #3 teve mais de 70 comentários, com muitas participações do próprio autor.

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Mentoria PdH é uma coluna por meio da qual vamos ajudar coletivamente outras pessoas da comunidade, compartilhando relatos de nossas vivências, em primeira pessoa.


publicado em 23 de Abril de 2018, 23:27
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Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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