Califórnia: 42 dicas matadoras para uma viagem inesquecível | Parte 2 (as cidades)

Antes de começarmos, gostaria de explicar. Este texto teria somente as outras 25 dicas que prometi na parte 1, porém, ao escrevê-lo percebi que muito mais coisas poderiam ser ditas, portanto, que se exploda a coerência numérica com o título! Se o que interessa é a informação, é informação que nós teremos!

O texto será estruturado da seguinte maneira:

1. Informações e impressões gerais;

2. Dicas por região/cidade que estive (San Francisco, Yosemite, Condado de Monterey, Big Sur, San Luis Obispo, Los Angeles, San Diego);

Sugiro que todos que tiverem mais dicas, a escrevam nos comentários. Um brinde à Califórnia e à Internet, estes lugares fantásticos!

Lá vamos nós:

Informações e Impressões gerais

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Lombard Street, San Francisco

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Legion on Honour, San Francisco

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Asiloma Beach, Pacific Grove

1. Já dizia Darwin, adapte-se ou morra!

Você irá descobrir no último pauzinho da bateria do celular que de nada adianta se sentir orgulhoso por ter lembrado de trazer o carregador se você não comprar um adaptador para as tomadas de lá. Compre um assim que chegar no aeroporto. Tem em qualquer lojinha de conveniência.

2. Outlet, o Santo Graal das compras?

Muito é falado sobre as ofertas fantásticas dos outlets americanos e, embora não fossem nem de longe o foco da minha viagem, acabei caindo em tentação e visitando um dos maiores e mais famosos de San Diego, o Las Américas Premium Outlets. Como San Diego foi a última cidade que visitei, pude fazer um comparativo com os valores e os produtos que encontrei nas lojas regulares das outras cidades.

Veredicto: peguei um período de liquidação na viagem (segunda quinzena de agosto), a maioria dos produtos disponíveis no outlet eram possíveis de ser encontrados em lojas. E pra quem pensa que malandragem é uma característica exclusivamente brasileira, em minhas andanças comprei um relógio por 37 dólares e depois encontrei o mesmo modelo sendo vendido no outlet por 43 dólares(!).

Outro fator importante foi a seleção de produtos. Os outlets sempre tinham bastante opções, mas a grande maioria delas era simplesmente bem feia. As lojas normais não tinham tanta variedade, mas tinham muito mais qualidade. Mesmo que você viaje fora das datas de liquidação, recomendo as lojas convencionais em detrimento aos outlets. Boa parte delas terá preços competitivos e que compensam mesmo que você tenha que pagar um pouco mais, afinal, serão produtos muito mais bonitos (principalmente no segmento de vestuário) e num valor relativamente mais baixo do que estamos acostumados a pagar.

3. Viajou por quê?

Gastar parte substancial da viagem indo a lojas e shoppings não me parece o melhor aproveitamento de tempo em terras estrangeiras, ainda mais porque é pouco provável que você retorne tão cedo.

Não sugiro que evite comprar, apenas que distribua seu tempo de maneira que o consumo dispense o menor número de horas possíveis durante a viagem. Sempre condense o dia das compras e faça o maior número possível de compras pela Internet.

4. Comprando a América pela Internet

A compra online é uma ótima saída pra satisfazer o consumidor maníaco que há em cada um nós, sem que para isso precisemos perder nosso precioso tempo da viagem.

Obs.1: em uma viagem como esta, você não ficará muito tempo em um mesmo lugar, portanto, se o produto atrasar e chegar depois, adeus rico dinheirinho. A solução é optar por empresas que priorizam a rapidez em suas entregas, como Amazon, Bestbuy e afins.

Obs.2: Não se iluda achando que basta comprar tudo com antecedência e mandar entregar no hotel que você ficará antes que você chegue, pois a maioria dos hotéis/hostels não aceita mais que duas ou três (pequenas) encomendas antes do hóspede chegar. Portanto, programe-se.

5. Vamos falar de coisa boa, vamos falar de Tekpix!

O segredo para aliar o melhor preço ao aproveitamento de tempo na viagem é simples. Pesquise antes na Internet, encontre o menor valor (no meu caso, foi Amazon e Bestbuy), procure a loja de eletrônicos mais próxima ao seu hotel e mande um e-mail perguntando se é possível que eles façam o mesmo preço. Fiz isso e não tive nenhuma negativa, foi ótimo.

Assim você conseguirá manter a economia perdendo o menor tempo possível se deslocando para compras.

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Big Sur, paquitando

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La Jolla, San Diego

San Diego, Califórnia
San Diego, Califórnia

6. Cadeirantes preparem-se. É o fim da prisão invisível!

Diferente do Brasil, onde é preciso ter a “cadeira de rodas” do professor Xavier pra se locomover pelas ruas,  na Califórnia todas as calçadas são munidas de rampas e seu estado de conservação é fantástico! Eu só posso imaginar quão incrível é para um cadeirante poder seguir seu caminho tranquilo, sem que se sinta como hoje no Brasil -- um participante forçado das Olimpíadas do Faustão.

Única exceção:  Em Los Angeles, encontrei algumas ruas bastante sujas e com calçadas extremamente curtas que não comportariam uma cadeira de rodas.

7. Apertem o bolso, a lixeira sumiu!

A sensação de caminhar por ruas limpas e conservadas é mais impactante do que eu pensava. A parte mais curiosa é que encontrar uma lixeira pública é algo bem raro, o que me leva a crer que os californianos realmente carregam seu lixo até chegar em casa.

Talvez eles tenham a consciência que rua pública não quer dizer rua sem dono, mas sim rua de todos nós. Também não encontrei lixo ao lado dos vasos sanitários, achei que isto era uma falha, então fui pesquisar a respeito e descobri que papel jogado na privada é menos nocivo ao meio ambiente (caso exista tratamento de esgoto na região, claro).

Vivendo e aprendendo.

8. Desperte o Edward Mãos de Tesoura que há em você

Californianos investem pesado em seus jardins. É uma variedade sem fim de plantas, combinações e arranjos, o resultado são casas mais calorosas e coloridas sem nunca perder a classe ou descambarem pra farofa. Se quer mudar bastante a aparência do seu lar sem gastar muito, sugiro que prepare a câmera e registre sem dó os quintais e entradas que vir na viagem, fiz isso e hoje uma trepadeira arisca floresce feliz na minha sacada.

9. Balança, essa gracinha!

Problema constante de todos que se empolgam com as compras, o peso das malas pode acarretar numa taxa extra bem salgada na hora da volta. O valor e o peso irá variar de companhia para companhia. O segredo aqui é pedir emprestado uma balança de mão no seu hotel, quase todos eles têm, assim você consegue distribuir proporcionalmente o volume, ou então concentrar o excesso em uma só mala ao invés de duas.

10. O breu e eu

Cidades menores por onde passei como, Monterey, Carmel e San Luis Obispo tinham muito pouca iluminação pública nas áreas residências. A maioria das luzes era proveniente das próprias casas, até mesmo San Diego, que é enorme, tinha iluminação semelhante. Saldo: demora um pouquinho pra perdemos a sensação de insegurança que a escuridão transmite em uma rua deserta, mas depois que se acostuma vem uma certa sensação de tranqüilidade bem simpática.

11. Noite é no aconchego

Diferente de São Paulo, onde moro, a maioria dos lugares que visitei silenciava cedo. Nos primeiros dias em San Francisco era quase um choque ver uma cidade tão grande com as ruas tão vazias de pedestres logo depois das 20 horas. Até encontrar onde comer não era tarefa tão simples se passasse das dez da noite.

Nas cidades menores era ainda mais gritante a diferença. As duas únicas cidades por onde passei que tinham um ritmo mais noturno foram Los Angeles e San Diego. É bom ter isso em mente pra calibrar o seu roteiro se o seu interesse for curtir a noite.

Dicas por Região

San Francisco

San Francisco está para os desenhistas assim como o Hawai esta para os surfistas.

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12. Previsão do tempo: dia frio com tempo quente, acompanhado de nevoeiro e céu aberto

Você acha que nosso clima é volátil? Você não viu nada, amigo. Fui na segunda quinzena de agosto e em um mesmo dia acordei com frio, fui pra um solzinho quente, em seguida uma garoa levezinha que logo foi sucedida por um sol escaldante, que perdeu o lugar para um templo nublado com vento gelado, então olhei o relógio e tinham se passado 60 minutos.

Parei de olhar quando o sol estava ofuscando tudo outra vez. Sério, nunca vi nada igual, vá agasalhado/pelado/de blusa/com sunga.

13. Desceu tem que subir

Se caminhadas não são sua praia, não tente mudar de opinião pelas ruas de San Francisco. A cidade toda é um sobe e desce de ladeiras sem fim. Opte sem medo pelo transporte público que é excelente e aproveite o bondinho que faz um ótimo apanhado turístico da cidade.

14. Lombard Street. Liberte o turista que há em você

A rua é pequena, o trecho famoso só tem um quarteirão e basicamente consiste em 100 metros de zigue-zague no asfalto acompanhado por casinhas simpáticas com jardineiros talentosos. A Lombard Street é daqueles lugares misteriosos que não tem nada demais, mas que exercem algum tipo de magnetismo secreto que nos faz sentir atraídos por ela de maneira inexplicável.

É o equivalente urbano a comer um sagu. Você sabe que não tem nada demais, mas é diferente, estranho, convidativo e você nunca vai negar.

15. A chama asiática da paixão

Se você tem tara por orientais, este é o lugar para se apaixonar. Eles estão por toda parte, fotografando, comprando, comendo, estudando, em todos os lugares. Se você ainda não tem como fazer esta viagem, não desanime, nem tudo está perdido. Pegue um ônibus, corra para Bastos e seja feliz.

16. Cuidado com larápios

O píer 39 é um dos pontos turísticos mais cheios da cidade. Lá você encontra diversos restaurantes, lojinhas de souvenires divertidos, leões marinhos relaxando e pessoas de todo o canto do mundo. Tá aí um lugar para turistar no estilo clássico.

Lá existe um trecho cheio de barraquinhas que vendem camarões fritos e toda a sorte que o óleo pode inspirar. Neste local, você achará algo estranho: verá pessoas comendo em pé enquanto vários banquinhos estão vazios no meio do calçadão. Resista a tentação de sentar em um deles com suas porções fartas de comida.

Desavisado, foi a primeira coisa que fiz ao receber minha comida, não mais do que 5 segundos foram necessários para eu lutar por minha vida e por meus camarões com gaivotas traiçoeiras! A primeira beliscou a caixa dos camarões, a segunda mais arisca tentou caçar meu sorvete, mas foi surpreendida com uma rápida ameaça de voadora de minha parte.

Fui embora vencido, mas não sem antes espantar duas novas gaivotas ao simular o início de um hadouken. Algumas pessoas me olharam estranho, pude sentir o medo em seus olhos.

17. Alcatraz, a prisão turística

Existe algo mais americano do que transformar uma prisão e a história dos seus “moradores” em um show de entretenimento?

Embora eu confesse que tenha me rendido a simpatia e educação americana, e que até vendo a distância era inegável a imponência do lugar, particularmente preferi pular essa. Sinto que algo estaria muito deturpado se eu apreciasse um passeio deste e acho que seria o que provavelmente iria acontecer. Dizem que é um espetáculo e tanto.

Alguns amigos foram e adoraram, me disseram inclusive que existe a opção de fazer o tour com o áudio em português e que, se reservar com antecedência, é possível fazer o passeio noturno. Não sei se existe um certo ou errado para isso, o que sei é que não me interessa ser júri, nem juiz.

18. A arte que eu entendo

Que tal recordar de uma época em que não era preciso ler uma monografia para apreciar uma obra de arte?

Faça um favor a si mesmo e visite o Museu Legion Of Honour. Não precisa ser nenhum entendido para se apaixonar pelo lugar: Rodin, Lepage, Courbet, Renoir e afins farão todo o serviço por você. A única coisa que será necessário da sua parte é contemplá-los.

Para os que não estão familiarizados com o meio artístico, este museu é o início perfeito. Embora relativamente pequeno, apresenta uma gama incrivelmente variada e substancial  de artistas e períodos. Aposto que sairá de lá com uma disposição enorme para enxergar a beleza dos arredores naturais que cercam o museu.

Porque se existe algo que a arte pode fazer conosco, é inspirar-nos a viver.

19. Lands End: a trilha de quem odeia trilha

Saindo a pé do Legion of Honour você dará de cara com um campo de golfe que margeia o museu e uma trilha bem curta que dá para belos rochedos a beira mar com vista para a ponte a Golden Gate. É uma leve descida, cercada -- em grande parte -- por simpáticas sombras de árvores e com uma vista incrível, sem nenhum mosquito (insetos costumam ser o maior vilão dos odiadores de trilha). É bem vazio e é provável que você se sinta um figurante do filme Cocoon quando estiver por lá, simpáticos velhinhos de bem com a vida serão, provavelmente, seus únicos companheiros nesta jornada.

20. Fumando uma baguete

Não uso maconha, embora um brigadeiro possa garantir algumas risadas, fumar não me apetece em nada. Mas se você é chegado num ganja, arrisco dizer que não irá se decepcionar com a região. Caso esteja num aperto, dê uma andada sem compromisso pelas ruas do centro da cidade e não dificilmente passará por alguém dando um tapa.

Uma das primeiras pessoas que avistei por lá foi um mendigo (e lá existem vários), ele fumava uma tronca tão grande que, quando vi, pensei que ele tava colocando fogo no próprio dedo.

E vamos para o segundo canto da viagem:

Yosemite:

Aquele lugar que Deus criou na sexta-feira.

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21. Tensão ao volante

De San Francisco para Yosemite são cerca de quatro horas de viagem. Um pouco antes de chegar no parque, você andará por 40 minutos em uma estrada muito sinuosa sem proteção alguma, com muitos trechos bastante íngreme. Nunca dirigi com tanta atenção na minha vida e não recomendo fazerem o trecho a noite. É bem tenso, mas não se aflija, no fim das contas é bem divertido e serve de ótima iniciação para a aventura que está por vir.

22. O recanto do guerreiro

Existem muitas opções para se hospedar no parque, desde hotéis luxuosos até os tradicionais campings. Embora acampar fosse alternativa mais barata, optamos pela segunda mais em conta, as cabanas em Curry Village.

As instalações são bastante confortáveis, duas camas de solteiro e uma de casal, mais cofre pros pertences e aquecedor. O banheiro ficava do lado de fora, era coletivo e também bastante limpo.

23. Entre a sombra e a escuridão

Algumas cabines ficam mais na penumbra que outras. Estas, quando estão com as luzes acesas, mostram consideravelmente o que se passa do lado de dentro, através de sombras que se projetam nas paredes de lona branca. Se você é exibicionista, esta é sua oportunidade de ser feliz. Caso não seja, é só manter a luz apagada, campeão.

24. Zé Colméia, cadê você, meu filho?

Ao entrar em Yosemite, você será alertado de todas as maneiras possíveis sobre o cuidado que deve ter com os ursos em relação a sua comida. Como eles são muitos e estão bastante adaptados a região, é comum fazerem visitas noturnas caçando alimentos esquecidos por aí. Até por isso, todas as cabanas contam com uma espécie de baú metálico do lado de fora do quarto. É lá que devem ser deixados todos os alimentos ou pertences que tenham cheiro forte (perfumes, shampoos, etc).

Na primeira noite na cabana, acordamos no meio da madrugada com os rugidos dos ursos. Foi uma das sensações mais estranhas que tive na vida, foi algo tão natural e ao mesmo tempo surreal que não provocou medo. Naquele momento eu estava tão cansado da viagem que mais parecia parte de um sonho louco. Só o tiro de alerta que os guardas deram para cima conseguiu me tirar daquele transe e dizer que aquilo era o mundo real.

Nada que durasse muito, cinco minutos após o estampido, lá estava eu novamente ronronando caprichoso e satisfeito.

25. Animais selvagens por todos os lados, nós vamos morrer!

Embora a presença noturna dos ursos seja uma constante, crianças são vistas aos montes por todo o vale e a vida segue bem harmônica por lá. É a integração mais bem feita que já presenciei entre homem e natureza. Na madrugada, o território é dos ursos. De dia, dos homens.

Impossível não se orgulhar deste respeito mútuo.

26. Som ambiente é o que há

Não é garantido que vá ver ou ouvir nenhum urso durante a noite, mas suas chances aumentam se escolher cabanas que fiquem mais na beira da floresta. Pegamos uma por coincidência (você escolhe a sua na hora que chega), depois um funcionário do parque nos explicou que a proximidade com a mata e a iluminação mais distante deixava as margens da pequenina vila mais convidativas para serem exploradas pelos ursos.

27. Schweinsteiger e os trutas

Se San Francisco era a Bastos americana, Yosemite é Santa Catarina potencializada num só lugar. Alemães por todos os lados bradavam felizes com suas crianças comportadas e seus shorts altos e beges. E tal como os boleiros alemães, distribuíam simpatia.

28. Olhar as estrelas

Um passeio noturno (sem esforço físico, mas na friaca) que irá se tornar um dos momentos mais bonitos da sua vida. Dizer algo mais seria um erro.

Apenas faça.

29. Four Mile trail

Existem muitas trilhas a serem feitas no parque. Não gastarei palavras para justificar qual foi minha preferida:

Monterey

Desculpe, nada é capaz de descrever Monterey.

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Asiloma Beach

 

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Aquário de Monterey

 

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Point Lobos

 

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30. Pacific Grove

Cidade pertencente ao Condado de Monterey, além de ótimo lugar para pousar algumas noites (passei 3 por lá),  único lugar que me senti completo nesse mundão todo. Te desafio a discordar ao olhar o pôr do sol nas rochas de Asilomar Beach enquanto um mundaréu de pássaros anuncia o fim da tarde.

31. Olha o peixe, pai!

Você pode viver até os cem anos e, caso não seja a reencarnação de Jacques Cousteau, te garanto que não verá na vida nem 10% do que o Aquário de Monterey te oferece em um único dia. Cardumes enfeitiçados, águas vivas valsando, tubarões martelo desdenhando de atuns gigantes, arraias planando e um peixe lua que fará seus olhos saltarem logo a primeira aparição.

32. Point Lobos

Imagine um parque natural quase vazio, onde praticamente todas as trilhas são acessíveis a cadeirantes, onde velhinhas montam seus cavaletes e pintam até escurecer, onde praias desertas só não são desertas pois é preciso dividi-las com uma ou outra foca.

Pois bem, bem vindo a Point Lobos.

33. Carmel

Em todos os sites que visitei para montar meu roteiro eu via esta cidade sendo exaltada. Nada mais justo do que colocá-la na viagem e me divertir por lá eu também.

A verdade?

Tiazinhas e Vovozinhas ricas andando pelas poucas ruas, visitando lojas caríssimas e tomando sorvetes de amêndoas. Galerias de arte local em uma esquina, joalheria chique na outra. Foi esta a cidade que eu vi.

Minha mulher adorou. Segundo ela: “parece uma casa de bonecas gigante!Muito fofo!”.

Meu parecer: Muito fofZZZzzzzzZZzz”.

Pule.

Big Sur

Você levará mais de 5 horas para andar um trecho de 150km de estrada. O mais incrível? Você irá desejar ter levado o dobro de tempo.

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34. View Points

A frase “o que importa não é o destino, mas sim a jornada” com certeza foi criada por alguém que passou por aqui. O trecho é curto, mas repleto de lugares para estacionar à beira mar e ficar observando baleias ou então encontrar uma praia deserta ou ficar surpreso em ver quantas cores pode ter um mar.

Ou ainda fazer tudo isso junto e ainda nada com uma foca em apenas uma tarde (sim, aconteceu!).

San Luis Obispo

Lembra tudo que você leu por ai sobre Carmel? Esqueça, coloque San Luis Obispo no lugar e seja feliz.

35. A Fantástica Feira de Sonhos

Ficamos na cidade apenas para descansar de um dia inteiro pelo Big Sur. Imagine a nossa surpresa quando, por volta das 7 da noite, resolvemos passear pela cidade e encontramos o lugar mais agitado e divertido de toda a viagem até então!

Uma feirinha de rua de 4 quarteirões, cada um deles com uma banda própria. No meio do caminho, homens cantando aos berros enquanto faziam espetos de carne gigantes, defumados e suculentos, cabines oferecendo interpretações de sonhos, barraquinha vendendo torradas com o rosto de Jesus... torrado, morangos gordos e vermelhos de um lado, frutas coloridas e desconhecidas de outro, um grupo de dança com pessoas pintadas e velhinhos requebrando, potes de whey protein sendo vendidos de um lado da calçada, pequenos esqueletos de animais sendo exibidos na outra.

Nunca vi nada igual. Fui embora sem nenhuma foto, não levei a câmera achando que não teria o que fotografar, mas a verdade é que lugares assim nunca são captados por fotos. Como prova, trouxe apenas um pequeno crocodilo de borracha.

Naquele dia, aquilo me parecia a coisa mais sensata a se fazer.

jacaré

36. Garçonete versão anjo

Não deixe de ir num restaurante chamado Petra. Além de ser barato e bem gostoso (a primeira e única pizza de massa fina que encontramos!), você encontrará a atendente mais simpática e angelical que já viu. Uma loirinha de olhos grandes e ligeiros cujo nome nunca ficamos sabendo.

Ela irá oferecer um pedaço da massinha da pizza como cortesia e você irá sorrir como se ela tivesse te dado as chaves do Éden. É claro, só poderia ter acontecido em San Luis Obispo.

Los Angeles

Só sabemos quão boas as coisas são quando temos algo ruim para compará-las. Bem, para mim esta foi a função de Los Angeles nesta viagem. Diferente de tudo que vi até então, me deparei com trânsito sem fim, ruas sujas, praias lotadas, barulho por todo lado e hotéis caros perto da praia.

Fiquei próximo à Venice Beach. De um lado, parecia que eu caminhava pela muvuca da 25 de março e, do outro lado, um mar de areia sem fim atolado de gente. Não canso de ouvir que a cidade tem seu charme no equilíbrio entre decadência e sucesso, talvez eu apenas não tenha sacado o espírito.

Não recomendo.

San Diego

A melhor definição que encontrei veio no bom dia do tiozinho que fazia lanche no Subway, onde almoçamos ao chegar: “just another day in paradise, huh?”.

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É exatamente assim que se sente quando está lá. Você nota que o lugar é fantástico, cidade enorme, praias incríveis, restaurantes bons e baratos, pessoas de bem com a vida e o mais surpreendente, você se sente como um local.

Parece mesmo que se trata apenas de mais um dia no canto predileto e ensolarado do seu quintal.

37. Balboa Park

Bem no coração da cidade, existe um lugar com diversos museus (fala-se em mais de 15, mas não identifiquei tantos) que irá render um passeio e tanto e, tal qual uma sessão da tarde das antigas, promete agradar todos os gostos!

Museu de Arte, História Natural, Aeroespacial, Automotivo e segue a lista sem fim. Recomendo para quem viaja em grupo, assim todos podem ser entreter com o que gostam sem que tenham que se locomover separados.

38. San Diego Zoo

Ainda dentro do Park, você irá encontrar um dos maiores e melhores zoológicos do mundo. Um dia antes de visitá-lo, eu estava eufórico em poder ver tantos animais diferentes, coisa que só um lugar assim poderia me proporcionar.

Alguns animais, a princípio, nem chamaram minha atenção. Foi o caso das focas e cervos.

Foi então que lembrei quão únicos foram os momentos quando encontrei estes bichos soltos na natureza e, à partir daquela hora, não consegui mais aproveitar o passeio. Me senti como um cachorro tentando caçar um frango no forno giratório, hipnotizado, mas estúpido.

Tentei aproveitar o passeio pensando que seria minha última vez num zoológico, desisti quando o urso polar começou a cavoucar o vidro, no que pra mim era uma tentativa de fuga, enquanto para os outros eram simpáticos acenos de mão. Não sei quem estava interpretando certo, mas não gostei da ideia de pensar que poderia ser eu.

39. Um lugar bom pra cachorro

Deus é mais e perdoa os trocadilho!

Cá estamos em uma praia só para cachorros em Ocean Beach, um lugar surpreendentemente em paz, visto que pinschers endemoniados granavam para pastores gigantes que nada faziam a não ser rolar na areia. Um amigo que mora na região me disse que a praia tinha algum tipo de encantamento, uma espécie de sintonia que impedia que cães brigassem por lá.

Acho que era verdade, só vi uma profusão de bichos se divertindo e correndo por todos os lados, mas pensando bem, eram cães de San Diego.

40. Ocean Beach

Menos badalado que muitos pontos de San Diego, esta área é mais tranquila, mas não menos jovem, daqueles lugares pra se andar a esmo e pensar como as férias podem ser tão fantásticas.

No fim da caminhança, pare em Sunset Cliffs e veja o primeiro pôr do sol roxo da sua vida. Os descrentes dirão que era a marofa, mas afirmo que aquele lugar tinha uma vibração diferente, calma sem ser monótona, feliz sem ser efusivo.

41. O rei na barriga

Esqueça o lado ruim da expressão. Aqui, isso significa que seu estômago será tratado com a nobreza que sempre lhe fez jus, ou seja, rios de comida, baldes de alimento, cascatas de sabor, até quando você quiser e aguentar.

São 3 lugares para encontrar a felicidade:

Soulplantation: 9 dólares e você estará autorizado a comer toda a salada que jamais imaginou. Te aviso que nunca tive atração por vegetais, mas saí de lá as três vezes que jantei feliz como pinto no lixo!

E deveras estufado!

Que isso, trocentos mil molhos, toda a sorte de comidinhas crocantes e, por fim, o melhor doce que já comi na vida. Senhores, o inigualável, Cholate Lava Cake do Soulplantation, uma crosta crocante e quente por cima, um interior derretido e intenso de chocolate forte e denso, tudo isso acompanhado por uma boa dose de sorvete de máquina ilimitado.

Sério. Mesmo que você nunca tenha comido um alface, vá a este lugar.

Hodad-s: meu deus senhor Jesus, que que é esse lanche?! Um monstro de sabor na forma mais generosa que um lanche já foi servido. Enquanto você tenta morder um bacon de proporções bíblicas, parte do molho ameaça te atacar, mas não sem antes ser contido por um manto de queijo protetor.

Meu deus senhor Jesus, pra que isso, fera?

Daquelas refeições que, ao terminar ficamos emocionados, um tanto pela vitória de termos conseguido, outro pela lembrança do sal sendo derretido pela coca gelada que desce na garganta.

Great Plaza Buffet:o nome mais genérico que já ouviu de um restaurante pode ser justificado se eu disser seu cardápio.

Camarões rosados, bifes graúdos, uma infinidade de sashimis diferentes, saladas mil, pernas e mais pernas de caranguejo, tudo isso na versão empanada, depois na versão frita, depois na versão com molho e, por fim, a mesa de sobremesas que acabava em uma bandeja gigante de morangos ao lado de uma cascata obscena de chocolate.

O preço? 12 dólares pra comer o quanto você aguentar.

O saldo? 3 tardes se locomovendo como uma anaconda depois de um bezerro.

42. La Jolla

Aqui você encontra o que parece ser a parte nobre da cidade.

Não resistimos e, chegando, fomos logo turistar, fazer um passeio de caiaque pela praia. Com menos de 15 minutos já era possível avistar as primeiras focas fazendo uma algazarra nos rochedos. Nos divertimos um belo tanto olhando como tomavam sol relaxadas.

Retornando, quase na área vi na água um tubarão com cerca de 2 metros, fui logo repreendido pela minha mulher que me mandou parar de tomar sol na cabeça.

Ao chegarmos, perguntei pro instrutor se era provável que talvez existissem ali tubarões, pois acreditava ter visto um deles nos rondando. Indaguei se era eu que estava errado ou se de fato tinha visto um temível devorador das águas, as palavras a seguir reproduzem esta conversa:

-- Hey, sharks?!

-- Yes man, we have a lot of them around here!

-- Danger?

-- No, they are leopard sharks, they are harmless.

-- Swim?

-- Yes, i think you can!

Obs: se o seu inglês é classe A como o meu, faça perguntas usando apenas uma palavra e seu dom da entonação,  na hora de ouvir a resposta se atenha aos sins e nãos e torça pra estar com sorte.

Lá fui eu correndo cair na água. Com o mar um pouco acima do meu umbigo, pude contar sem nenhuma pressa sete tubarões-leopardo no meu campo de visão. Mais uma vez, dois deles eram bem maiores do que eu e a única coisa que eu conseguia fazer era sorrir maravilhado enquanto eles passavam por ali despreocupados desfilando rente a praia.

Dica: ao chegar na área de saída dos caiaques, você verá que a praia tem uma divisória à esquerda que separa a praia pública da praia privativa de um hotel. A parte pública é movimentada e fiquei um bom tempo lá sem ver tubarão algum. Foi somente quando nadei até a parte correspondente a praia privativa (bem mais tranquila) que pude, finalmente, encontrá-los.

Entendo que a areia é privativa, mas acredito que o mar não seja. Então, lá fiquei uma boa meia hora até os tubarões cansarem daquelas areias e irem embora procurar um canto mais divertido pra assustar.

E aqui acabam as dicas da parte 2!

Saldo de Compras
Saldo de Compras

Espero que a próxima viagem demore menos do que 5 anos e eu possa vir contá-la aqui, outra vez. Termino o texto com uma foto ostentação, direto da América do Norte para minha estante tupiniquim!

E como aconteceu na primeira parte, agradeço novamente a Ford Brasil pela missão que foi conseguir um carro para que eu cruzasse a Califórnia.

Lembrando o raro momento que é um jabá meu (tirando os que são em causa própria), tenho que dizer que se não fosse tudo isso, a foto lá em cima com os livros estaria bem mais vazia, ou, pensando bem, estaria igualzinha, mas eu teria perdido algumas noites fazendo horas extra para conseguir pagá-los! Fico feliz com a liberdade de poder dizer este tipo de coisa por aqui.

Ah, e como não posso negar o esteta que a em mim, lá vai a foto que combinamos de postar e que não foi esforço nenhum fazer, orra carro imponente dos infernos!

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Ah, Ford, to querendo ir pra Amazonia de carro. Me leva, Brasil?

Como sempre, espero que tenha sido útil ou, ao menos, divertido!


publicado em 24 de Outubro de 2014, 22:00
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Bruno Passos

Pintor. Ama livros, filmes, sol e bacon. Planeja virar um grande artista assim que tiver um quintal. Dá para fuçar no Instagram dele para mais informações.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

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